THE GREAT - Frank Frazetta: ESTUDO 3

A GENIALIDADE DA SIMPLICIDADE "COMPLEXA" DE FRANK FRAZETTA

The Moon's rapture

Óleo sobre tela

1987

Sim, Frank Frazetta era um paradoxo. Mas nunca um simples e qualquer paradoxo... RS.

Deste mestre podia surgir imagens de uma energia sem precedentes, assim como, das mesmas mãos podia surgir cenas de uma doçura sem igual. Quem observa a obra deste incrível "homem pintor", poderá não perceber sua maestria, quase um encantamento cego do espectador com obras que em um vago olhar parecem simples, mas que escondem uma complexidade cabível apenas em mestres do porte de Frank Frazetta.

Quem observa esta obra não se dá conta da sua suprema genialidade na dinâmica da composição, na estruturação da ação suspensa e no trabalho da luz como parte principal da obra.

A primeira ideia que Frazetta nos passa sobre esta pintura é a de um conjunto de círculos imaginários nos levando até o objeto principal do olhar, a lua. Assim como em um túnel do tempo, ele nos remete a alguma grande floresta tropical e pinta um macaco à esquerda nas sombras olhando para a mulher, quase imperceptível.

Este jogo de círculos é enfatizado pelas formas elipsais da mata ao longe.

Lembremos que a ideia é levar o nosso olhar não até a mulher apenas, mas também em direção à lua.

Afinal, é para ela que esta mulher olha ou sonha acordada sem saber o que lhe espera. Não precisamos ver a sua face, pois a sua pose relaxada é de total contemplação.Isto também cria certa tensão no quadro e que nós, espectadores, ficamos sem saber a que tempo se dará o ataque do macaco. Frazetta cria um lapso de tempo em um tipo de STAND BY. Um único momento perdido entre a lua que é admirada, o macaco que observa e a floresta que parece engolir a mulher.

Frazetta faz da mulher parte da floresta, construindo ela como um galho da árvore. Desta maneira a integra à natureza ainda mais.

Ele nos convida a participar do quadro, pintando o tronco de fora para dentro do quadro exatamente como um caminho. Quase que podemos subir neste tronco e salvar a mulher das garras do macaco que a espreita. Isto forma um vínculo entre nós, espectadores e a pintura, nos fazendo participar de forma integral da mesma. Frazetta pinta com requinte de detalhes o musgo do tronco para parecer ainda mais perto de nós.

Todos os elementos, visíveis e invisíveis nos leva até a lua e para chegarmos à ela, Frazetta nos obriga a passar pela mulher e mais ainda, adentrar na floresta escura e perigosa. Ele consegue este efeito abrindo um "buraco" na densa mata feito de marrons escuros e iluminando quase que "aveludadamente" a pele dela com sutis combinações de tons de pele. Mas prestemos a atenção que a luz branca só é "estourada" na lua.

Frank Fraetta aplica um efeito similar ao usado pelo grande mestre da pintura de paisagem Claude Lorrain (1600 - 1682), a chamada "janela", para direcionar o nosso olhar de espectador até o horizonte de suas pinturas e nos fazer navegar por toda a obra, deixando geralmente no primeiro plano escuro o assunto principal de suas pintura.

Ele usa o mesmo recurso na sua obra " Behind the farthest star" e em outras mais.

Behind the farthest star - 1964

Claude Lorrain - Dança dos moradores - 1638

E por fim não caberia nesta pintura uma mulher loura, apenas uma mulher de cabelos negros como a floresta em contraste ao azul e branco da lua. "The Moon´s rapture" é um título no mínimo interessante para esta pintura. A mulher que se extasia pela lua tentando capturá-la para si e a criatura que se encanta pela mulher tentando também capturá-la para si.

Quando se admira esta pintura do mestre Frank Frazetta, temos a certeza que este fantástico pintor não só queria nos brindar com uma bela imagem vinda de sua brilhante mente, mas principalmente, nos convidar a participar integralmente dela. Não é qualquer pintor que faz isto. Apenas pessoas de um coração enorme e de uma solicitude sem tamanho.

Por isso Frank Frazetta será eterno. Porque a este lugar pertence os GRANDES HOMENS!!

Direitos autorais do texto estudo:

http://frankfrazettamuseum.com/